Após o surgimento dos primeiros
casos da Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (AIDS), no início da
década de 80, acreditou-se por muitos anos que o repouso e a preservação
das reservas energéticas, evitando-se a prática de atividades físicas
fosse o procedimento mais recomendável para portadores da doença. Isto
se justificava em virtude da grande perda de peso observada, levando a
crer que a prática de exercícios físicos agravaria o processo de
emagrecimento. Da mesma maneira, existia a crença de que o desgaste
físico provocado pelos exercícios diminuiria a resistência do paciente,
facilitando o avanço do agressivo vírus HIV sobre o sistema imunológico,
permitindo assim o aparecimento de doenças oportunistas, provocado pela
baixa resistência imunológica.
Aids atividade física
O Diretor Executivo do CREF7/DF-GO-TO,
Arlindo Pimentel (CREF 001714-G/DF), membro do Grupo de Pesquisa em
Saúde Pública e HIV/AIDS do Hospital das Forças Armadas de Brasília,
indica que estudos científicos mais recentes, todavia, apontam para uma
direção totalmente contrária. Segundo ele, hoje, o entendimento no meio
científico é o de que a prática regular de exercícios físicos não só é
recomendável, como imprescindível, no auxílio ao tratamento dos
portadores de HIV/AIDS, em praticamente qualquer estágio da síndrome.
Ele acrescenta que, caso o praticante soropositivo estiver sofrendo de
vertigens ou mal estar, a carga deve ser diminuída até que os sintomas
também diminuam. Se houver a presença de febre, deve-se suspender o
treinamento até que a mesma desapareça.
Com avaliação e acompanhamento médico, a
prescrição, por um profissional de Nutrição, de uma dieta que vise a
compensar e preparar o organismo para a prática de atividades físicas
mais intensas e o planejamento de um programa criterioso de exercícios
físicos, por um Profissional de Educação Física, o portador de HIV/AIDS
só tem a ganhar, não apenas em termos objetivos de melhoria do estado
geral de saúde, como também em aspectos subjetivos de qualidade de vida e
integração social, explica Pimentel.
Os exercícios físicos indicados para os
portadores de HIV/AIDS, de modo geral, são os aeróbicos e de resistência
muscular localizada. Por este motivo, a Musculação é considerada a
modalidade mais recomendada para os portadores da síndrome, até mesmo
pela própria facilidade de monitoramento das condições gerais do
praticante. Devem ser associados também exercícios de alongamento e
flexibilidade, bem como exercícios que objetivem o incremento do
equilíbrio e da percepção e inteligência cinestésicas, explica o
Profissional.
Segundo ele, para os soropositivos, o
programa de exercícios deve ser sempre individualizado, com metas e
limites claramente definidos, associado a um monitoramento constante e
igualmente programado programa de monitoramento. Também a observação da
relação carga e repouso deve ser extremamente respeitada, pois o
portador de HIV/AIDS não pode se sujeitar aos indesejáveis efeitos do
sobretreinamento (overtraining).
Em alguns casos, o uso de esteróides
anabólicos para portadores do HIV, associado à prática de exercícios tem
sido recomendado, desde que prescritos exclusivamente através de
critério médico e, mesmo assim, ainda há carência de estudos que
indiquem até que ponto os benefícios podem justificar a adoção de tal
medida, explica o Profissional. Ele acrescenta que, caso o praticante
soropositivo estiver sofrendo de vertigens ou mal estar, a carga deve
ser diminuída até que os sintomas também diminuam. Se houver a presença
de febre, deve-se suspender o treinamento até que a mesma desapareça.
Aids atividade física
No que tange a desportos em geral,
deve-se apenas evitar a prática de esportes que possam mais facilmente
provocar lesões, cortes e traumatismos, pois qualquer acidente é sempre
arriscado para o soropositivo. De todo modo, desde que se observem as
devidas medidas de segurança e que sejam respeitadas as limitações
relativas à intensidade e à duração das sessões de treinamento, não há
esportes contra-indicados para os soropositivos, à exceção do Boxe,
devido à grande possibilidade de sangramentos e ao constante contato
físico dos lutadores, conclui o Diretor Executivo do CREF7/DF-GO-TO.
Em diversos países, inclusive no Brasil, desenvolvem-se cada vez mais
políticas públicas e programas de saúde voltados para o estímulo e apoio
à prática de exercícios físicos pelos soropositivos. Neste cenário, é
essencial o papel do Profissional de Educação Física como único agente
de saúde capacitado para a aplicação segura de um programa de
treinamento adequado. Portanto, da mesma maneira que a prática de
exercícios físicos é importante para qualquer pessoa, como meio de
promoção da saúde e da qualidade de vida, o mesmo se aplica aos
portadores de HIV/AIDS, constituindo uma importante ferramenta para sua
longevidade e suas capacidades biológica, psicológica e social.
Apenas a título de observação, lembramos
que os linfócitos são um importante grupo de células em nosso sistema
imunológico e se dividem em duas categorias: os linfócitos B e os
linfócitos T.
Os linfócitos B protegem o corpo contra
os micróbios, fabricando substâncias chamadas anticorpos, que vão
colar-se ao micróbio, impedindo-o de agir. Entre os linfócitos, há os
chamados de T4 (também chamados CD4), que são os responsáveis por
alertar o sistema imunológico que é necessário se defender. Sem estarem
avisados pelos linfócitos T4, os linfócitos B não funcionam. O vírus HIV
ataca justamente os linfócitos T4 (CD4). Daí porque o aumento da
produção de tais células, advinda da prática de exercícios físicos é de
suma importância para o soropositivo.
BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA DO SOROPOSITIVO
Objetivos (Físicos)
Ganho de força muscular: A infecção pelo vírus do HIV pode levar à perda de força e resistência muscular, além de afetar as funções neuromusculares, gerando inclusive problemas de perda de equilíbrio, o que pode ser combatido através de um trabalho específico de exercícios físicos.
Ganho de força muscular: A infecção pelo vírus do HIV pode levar à perda de força e resistência muscular, além de afetar as funções neuromusculares, gerando inclusive problemas de perda de equilíbrio, o que pode ser combatido através de um trabalho específico de exercícios físicos.
– Aumento da massa magra, gerando ganho de peso pela hipertrofia muscular e melhor proporção estética.
– Aumento do Apetite e conseqüente melhora na digestão.
– Melhora nos padrões de sono: O relógio biológico se torna mais regulado.
– Aumento do Apetite e conseqüente melhora na digestão.
– Melhora nos padrões de sono: O relógio biológico se torna mais regulado.
Melhora na aptidão cardiovascular: A
infecção pelo HIV diminui a capacidade aeróbica e gera sensação de
fadiga. O ganho de condicionamento físico pode aliviar consideravelmente
tais efeitos.
Combate à síndrome da lipodistrofa: O
coquetel de medicamentos utilizado no combate ao vírus provoca, como
efeito colateral, uma redistribuição da gordura corporal, conhecida como
Lipodistrofa, caracterizada pelo aumento do volume da cintura, um
afinamento acentuado das extremidades (membros inferiores, membros
superiores e cintura escapular), uma diminuição da gordura subcutânea
com aumento da gordura visceral e sanguínea (aumentando as taxas de
colesterol e triglicerídeos), o encovamento facial e o surgimento de uma
bolsa de gordura atrás da região cervical, denominada cor-cova de
búfalo (bufalo hump). A prática regular de exercícios físicos tem se
revelado como um importante instrumento no combate a tais efeitos, com
resultados extremamente animadores.
Fortalecimento do sistema imunológico:
Já é cientificamente comprovado que os exercícios físicos também
aumentam o número de linfócitos T ou CD4, o que permite ao sistema
imunológico responder melhor às doenças oportunistas que acometem os
soropositivos.
ESTUDO COMPROVA A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA PARA OS SOROPOSITIVOS
Desenvolvido por cinco pesquisadores,
entre eles os Profissionais de Educação Física Felipe Fossati Reichert
(CREF 003807-G/RS) e Edilson Serpeloni Cyrino (CREF 003726-G/PR), a
pesquisa Atividade Física habitual em portadores de HIV/AIDS aponta que
atualmente a atividade física vem se mostrando uma grande aliada na
qualidade de vida de portadores de HIV/AIDS, uma vez que pode minimizar
os efeitos colaterais dos medicamentos. Segundo o estudo, as
complicações decorrentes da terapia anti-retroviral podem não só agravar
o estado de saúde do paciente, como também diminuir a aderência à
medicação. Desta forma, algumas pesquisas demonstram diversos benefícios
proporcionados pela prática de atividade física sistematizada para esta
população, ou seja, atua na diminuição dos efeitos colaterais
resultantes da terapia medicamentosa, atuando como um importante agente
terapêutico no controle da lipodistrofa, na redução da fadiga, aumento
da força e massa muscular, aumento da capacidade funcional, além da
melhoria da aptidão cardiopulmonar.






















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